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Quando a forretice fala mais alto, mesmo em viagem!

Não temos grandes luxos na nossa vida. O único luxo é viajar sempre que possível e, de vez em quando, jantar fora! Apesar deste segundo ter reduzido bastante depois do Francisco nascer porque sentimos que comemos sempre à pressa e acabamos por não aproveitar a refeição. Tentamos juntar o máximo dinheiro que conseguimos para puder viajar e, é assim, que temos conseguido fazer várias viagens nos últimos anos.


Mas além de pouparmos no nosso dia-a-dia, também evitamos certos gastos em viagem que iriam encarecê-la e torná-la impossível. Por exemplo, quando viajamos na Europa tentamos ficar sempre em alojamentos com cozinha para puder preparar refeições simples ou comprar refeições já feitas no supermercado e ser só aquecer. Ou a uma das refeições comemos sandes. Optamos normalmente por só comer uma refeição típica durante a estadia e as restantes são todas o mais barato possível. Nas viagens que fizemos à Ásia a questão da alimentação não se punha porque comer fora é muito barato mas, por exemplo, estabelecíamos um máximo do valor diário do alojamento e tentávamos ir marcando de acordo com esse valor. Se um dia ultrapassava, no dia seguinte ficávamos num mais barato para compensar.


Pode não ser a experiência mais típica do país, mas sendo a opção ir em modo gastar o menos possível ou não ir, optamos sempre pela primeira.


Eu, Inês, sou a mais forreta do casal. Também sou quem controla os custos da viagem. Normalmente estabeleço um limite do que quero gastar e foco-me bastante nisso, apesar de quase sempre acabarmos por gastar um pouco mais do que esperava. Graças a este meu controlo excessivo de custos já vivemos algumas histórias que agora nos fazem rir bastante. Vou contar algumas!


#1 Maldivas: um ovo cozido para dois


Sim, fomos às Maldivas no final de 2017. Muitos diriam ao ler isto: ricos! Maldivas é para ricos. Nós dizemos, mais ou menos!


Aproveitamos a nossa ida ao Sri Lanka para dar um pulinho às Maldivas. Gostamos muito de praia mas estar de papo para o ar muito tempo não nos diz muito. Não iríamos de propósito só às Maldivas e, já que é provável que o país desapareça em poucos anos, decidimos que era a nossa oportunidade. Então terminámos a viagem com 3 dias nas Maldivas. Tal como já contámos aqui, fomos para uma ilha habitada, Maafushi, que está cada vez mais dedicada ao turismo independente.


Nas Maldivas, ao preço das coisas, há sempre mais umas quantas taxas a acrescentar, e nem sempre é fácil perceber logo o preço final. Mesmo de forma independente, ir às Maldivas não é como ir aos restantes países da Ásia. Equipara-se mais aos preços da Europa. O nosso hotel rondou os 80€ por noite, uma refeição para os dois rondava os 20€. Mas valeu muito a pena termos ido e até tinha sabido bem mais 2 dias.


O primeiro dia foi de reconhecimento da ilha, no segundo fizemos uma excursão de snorkling que adorámos e para o terceiro tínhamos como plano apenas descansar na praia porque íamos embora para o aeroporto às 17.00. No primeiro dia trocámos dinheiro no banco (aceitam dólares em todo o lado mas sai bem mais caro). Fizemos contas por alto e trocámos 50 ou 60€, já não me lembro bem, e ainda tínhamos alguns dólares também.


No último dia, íamos para a praia mas com muita vontade de fazer outra excursão de snorkling porque tínhamos adorado a do dia anterior e pensámos: não vamos voltar cá, temos de aproveitar! Só que haviam dois problemas. Primeiro: só tínhamos 39 dólares e cerca de 20€ em moeda local para o almoço. Segundo: decidimos isto às 9.40 e as excursões eram todas às 10.00. Lá fomos procurar um sítio que tínhamos visto no dia anterior ser 20 dólares por pessoa. E era. Mais 5 dólares de taxa. Saímos muito desiludidos. Até que eu digo: então mas se fizermos a excursão o almoço está incluído e assim já não precisamos do dinheiro todo. Voltámos atrás. Pagámos 30 dólares e o restante em moeda local. E fomos.


Foi mais uma vez brutal! Valeu mesmo muito a pena também, apesar de ter sido totalmente diferente da do dia anterior (éramos uns 20 turistas enquanto que na anterior éramos 3). Voltámos a Maafushi às 15.00 e o almoço tinha sido apenas uma sandes, batatas fritas e fruta. Tínhamos fome e não tínhamos quase dinheiro. Vimos vários menus de restaurantes mas estavam todos fora de questão. Acabámos por nos sentar numa café, de calculadora na mão e a esvaziar a carteira até à última moeda, a fazer contas com a taxa. Dava para uma sandes de atum com batatas fritas, para os dois. Mandámos vir. Entretanto eu continuei a explorar o menu ao pormenor. E descobri que também dava para comprar um ovo cozido! Apenas um! Engoli a minha dignidade (que com muita pena não matava a fome) e chamei o senhor para pedir o ovo. Com muita pena não há fotos.


O mais ridículo no meio disto tudo: descobrimos mais tarde que tínhamos uma nota de lá guardada na carteira porque a achámos muito bonita. É certo que valia pouco, mas dava certamente para mais uns ovos cozidos... está guardada para contar a história!



#2 Sri Lanka: caminhada à chuva


Na mesma viagem da história anterior. Sabíamos que um dos maiores custos nesta viagem seriam as deslocações, já que queríamos percorrer uma boa parte do país. Tentámos ao máximo usar os transportes públicos, em especial os autocarros que funcionam muito bem, há em grande quantidade e para todo o lado e são mesmo muito baratos. A maioria das deslocações ficava por cêntimos. Já os tuk tuks aproveitam-se um pouco dos turistas e tinham de ser bem negociados, coisa que nenhum de nós gosta de fazer.


Fizemos muitas deslocações a pé entre os hotéis e as paragens de autocarro, sempre com as nossas mochilas às costas. O nosso último destino foi Kabalana, no sul do Sri Lanka. Chegámos já ao anoitecer e estava a começar a chover quando saímos do autocarro. Logo ao lado da paragem estavam imensos tuk tuks à espera de passageiros. O Pedro disse: está a começar a chover (e já há uns dias que estava a chover torrencialmente) é melhor apanharmos um! Eu, sempre a pensar nos custos, disse que era já ali à frente. E fomos a pé. Um quilómetro, a chover mais a cada segundo que passava. As mochilas tinham capas impermeáveis mas já estavam no limite. As mochilas pequenas, onde estavam as máquinas fotográficas e o computador não eram impermeáveis. E foi assim que acabamos a agarrar em folhas de palmeiras que estavam no chão e a forrar as mochilas com as folhas até chegarmos ao hotel em modo pinto calçudo... O nosso quarto parecia a feira com a roupa espalhada por todo o lado a secar! Mas os aparelhos electrónicos safaram-se.


Não há fotos do dia, mas isto era o estado da estrada na manhã seguinte:

Estas duas foram no dia anterior mas demonstram o espírito: se pagámos a piscina é para usar, mesmo estando a chover!


#3 Escócia: o que cabe numa mala de porão?


Verão de 2017, já tínhamos ido ao Vietname e ainda queríamos fazer uma viagem grande no final do ano. Mas os voos baratos para a Escócia, um local que queríamos mesmo muito conhecer, fizeram-nos dar voltas à cabeça de como seria possível! E descobrimos a solução: acampar!


Reservámos alojamento só para a primeira noite porque já íamos chegar bem tarde e as restantes 4 noites foram de campismo. E foi assim que gastámos apenas 80€ em 5 noites num dos países mais caros da Europa em termos de alojamento. Mais os 30€ da mala de porão com o material de campismo: tenda, sacos de cama, almofadas, manta de piquenique, bico do fogão (a botija compramos lá), tacho, loiça e, mesmo à pobre, comida instantânea! Sim, levámos comida instantânea para todos os jantares de Portugal porque era mais barato que lá!


A experiência do campismo teve os seus momentos surreais (podem ler tudo aqui e nos post seguintes), como ter de fugir da tenda inundada às 3 da manhã, mas foi brutal! Dormimos em dois parques de campismo completamente diferentes dos nossos, uma noite no carro no parque de estacionamento duma destilaria, porque a previsão de chuva era tanta que nem tentámos acampar, e uma noite de campismo selvagem, que é permitido na Escócia, desde que se respeitem algumas condições. Talvez tudo isto tenha tornado esta viagem uma das mais especiais, mas repetia tudo já amanhã (mas sem midges, por favor).



#4 Vietname: nos bolsos também cabe bagagem, certo?


Escolhemos o Vietname para uma viagem no Carnaval de 2017 porque, dos 3 destinos seleccionados, era o que tinha voos mais baratos. Decidimos (mais eu do que o Pedro) que não iríamos gastar mais de que 20€ por noite. Eram duas semanas a percorrer o país. Vários voos internos low cost com malas com um limite de 7 kg. Levámos apenas bagagem de mão, como de costume, mas testada ao ponto de saber o que era preciso tirar da mala para ela pesar apenas 7 kg. E foi assim que, à chegada a Ho Chi Minh, depois de perdermos o voo por um pormenor parvo que não nos lembrámos no planeamento (o voo interno não era no mesmo terminal do internacional e, para sair, precisávamos de visto que estava planeado fazer apenas em Hanói), enchemos os bolsos dos casacos com tudo o que era mais pesado das nossas malas. E resultou, dessa vez.


Noutro voo, fomos fazer o check-in nas máquinas mal chegámos e fomos logo apanhados pela senhora da companhia, que nos obrigou a pesar a mala. Não tivemos tempo para a preparação e tivemos de pagar uma mala.. foram 5€ ou pouco mais! Mas claro que fiquei chateada..


Mas essa foi apenas a primeira complicação do dia. Nessa viagem só tínhamos reservado 2 noites, a primeira e aquela porque íamos fazer escala de noite e reservámos um hotel muito próximo do aeroporto. À entrada para o avião recebo um mail do Booking a dizer que a reserva tinha sido cancelada por causa de um problema com o cartão de crédito. Pensamos em duas hipóteses: dormir no aeroporto ou que íamos ao hotel e havia de haver quartos. A primeira hipótese não deu porque estava tudo fechado (mais uma vez esquecemo-nos de ver a parte internacional). Fomos para a segunda. Chegados ao hotel o senhor disse que não havia vagas, ainda refilamos do cancelamento da reserva assim (às 22.00, um pouco suspeito ser do cartão) mas nada feito. Começámos a procurar em toda a zona. Todos os que perguntávamos estavam cheios. Andávamos nós e mais um senhor também à procura. O primeiro que nos disse que sim aceitámos ficar. A pior noite das nossas vidas: um quarto cheio de mosquitos e baratas mortas. Ficaram com o passaporte do Pedro e fecharam o portão com um cadeado. As quatro horas que lá passámos quase não dormimos. Felizmente correu tudo bem e não passou do susto. Esta não foi por culpa da minha forretice e ainda não nos conseguimos rir dela mesmo depois de passados 3 anos. Mas em tanta viagem foi a nossa única experiência realmente negativa.



Este foi um dos hotéis mais caricatos em que já dormimos e também um dos mais baratos. Foi em Phong Nha, um dos nossos locais preferidos no Vietname. Era apenas uma estrutura em Madeira, cada quarto fechava com uma cortina e a cama tinha uma rede mosquiteira!

#5 Paris: nem pensar que a comida vai para o lixo


Em Abril de 2015 fomos passar uns dias a Paris. A ideia era conhecer a cidade e ir à Disney, o que traria alguns custos portanto comer fora estava fora de questão (comemos no primeiro dia na Disney porque não sabíamos se podíamos entrar com comida, mas pode-se e vale bem a pena porque na Disney tudo é um roubo). Ficámos num apartamento muito simples, com a sanita num cubículo à entrada e lavatório na casa de banho do quarto, extremamente prático, e compramos logo comida para todos os jantares.


Só que resolvemos entrar em contacto com um casal que tínhamos conhecido na Grécia no ano anterior e que moravam lá. Ela francesa, ele chinês. Ofereceram-nos o jantar num restaurante chinês. Um chinês a sério, onde éramos os únicos ocidentais. Foi uma experiência muito fixe para a nossa última noite. Só que tínhamos uma comida para cada um e eu não a queria desperdiçar! Até a comida de aquecer é cara nestes países. Então lá arranjei um espacinho na mala e trouxe-a para Portugal sob aquele olhar de gozo do Pedro!


Íamos chegar por volta das 12.00 a Lisboa e eu ia directa para o trabalho (na altura entrava as 13.00). Portanto o almoço até ia dar jeito.


Mas o tempo em Lisboa estava mau e, numa decisão à Ryanair, nem tentaram aterrar, fomos para o Porto e voltámos de autocarro. E foi aí que me ri eu! Em vez de gastarmos 5€ numa sandes ranhosa no aeroporto, fomos à sala das crianças do aeroporto, com alguma vergonha de sermos apanhados confesso, e aquecemos as nossas comidas no microondas! Quem foi esperta afinal, quem foi?!


#6 A caminho da Grécia: e o almoço é massa com...

No Verão de 2014 fomos passar uma semana à Grécia. Para lá fizemos escala num aeroporto de Roma, à hora de almoço. Fomos espreitar o restaurantes do aeroporto e ficamos muito contentes quando descobrimos um que vendia massas por 10€. Pensámos que tínhamos feito o achado do dia e lá fomos todos contentes pedir as massas. Só depois percebemos que ali era a parte das massas SÓ! Carne ou peixe era noutro balcão! Acabámos a almoçar massa com queijo e massa com tomate! Mas a Grécia compensou isso tudo!


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