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Kandy - Are you happy?

Os planos para este dia eram apenas chegar a Kandy, onde só passaríamos uma noite. Daquilo que ouvimos e lemos, Kandy não era uma cidade com grande interesse além da estação de comboio onde começa uma das linhas mais bonitas do mundo, por isso não tínhamos muita pressa em chegar.


Aproveitámos para dormir até um pouco mais tarde e apreciar a vista do lago com um elefante ao fundo durante o pequeno-almoço. Saímos do hotel por volta das 11.00 acompanhados com um olhar preocupado da senhora por eu ir carregar a mochila até à estrada principal [definitivamente não estávamos enquadrados com o hotel]. Já na estrada abastecemo-nos de água, bolachas e bananas e perguntámos pela paragem para apanharmos o autocarro que nos levaria directamente para Kandy. Seriam 3 longas horas de viagem naqueles bancos apertadinhos, mas nada que não se aguentasse.


O pior foi controlar a bexiga, depois da quantidade de água que bebi por causa do calor. Nem pensei duas vezes em procurar a casa de banho quando fizemos uma paragem. E foi assim que dei por mim no meio de um terreno, com uma barraca de cimento com duas portas e um bidão de água com um balde a boiar. Fiquei na fila e fui percebendo que a ideia era encher o balde, levá-lo para dentro do cubículo, fazer um chop-chop na água em substituição do papel higiénico [que eu dispensei] e, no fim, abrir a porta e despejar o balde inteiro para todo o cubículo. Foi provavelmente a pior casa de banho onde fui na vida, mas serviu lindamente para o efeito. O resto da viagem foi muito melhor.


A última parte do caminho é feito numa estrada de montanha, cheia de curvas, em que fomos notando o tempo a arrefecer e o dia a ficar cinzento. A chegada a Kandy foi difícil. Havia imenso trânsito e o autocarro demorou quase meia hora só a chegar ao centro. Apanhámos um tuk-tuk para o hotel, o 24 by Suyaama. Muito básico, mas que correspondia ao preço e com condições mais que suficientes para uma noite.


Negociámos com o senhor do tuk-tuk uma volta pelos pontos principais de Kandy. O senhor falava bastante bem inglês e era simpático. Mas conduzia como um louco e o tuk-tuk, tão podre que se via a estrada junto aos nossos pés, não ajudava a ter muita confiança. Mas correu bem.


Kandy não nos cativou minimamente. É uma cidade ainda mais confusa e suja que as anteriores e, apesar de estar rodeada de montanhas, o ar é extremamente poluído. Além disso, a sensação de paz entre as diferentes religiões que se sente noutras zonas, ali não se sente. Apesar de não haver nada em concreto que me leve a dizer isto, apenas a energia diferente que se sentia.


Fizemos uma paragem num templo Budista, o Bahirawakanda Temple, que tem um Buda enorme, de onde se vê toda a cidades. Neste templo pedimos para tirar uma foto com um monge. Ele estava sentado num sofá, perguntou-nos de onde éramos e mandou-nos aproximar. Mas quando nos aproximamos demasiado do sofá mandou-nos para trás e fez sinal para nos sentarmos no chão. E eu que já ia lançada para me sentar ao lado dele...


Passámos noutro miradouro altamente turístico onde nos tentaram vender de tudo um pouco e depois pedimos para nos levar a um sítio para comer Rotti's. Ele levou-nos até às ruas movimentadas de lojas e mercados de rua do centro. Primeiro encaminhou-nos para uma loja de produtos ayurvédicos, mas despachámos a visita num instante. Tínhamos tanta fome porque já passava das 16 e, além do pequeno almoço, só tínhamos comido bananas miniatura e bolachas, que devíamos estar os dois com uma cara desanimada. Devia estar tão má que ele nos perguntou mais de 10 vezes "Are you happy?" Fomos então a um restaurante de locais, desta vez sem talheres. Comemos à mão e no fim lavámos as mãos com um jarro e uma taça que estava na mesa para o efeito. A comida era maravilhosa. E aí sim, ficámos verdadeiramente "happy". Mas a pergunta era feita de forma tão cómica que começámos a brincar com isso. Ainda hoje, se um de nós estiver assim mais pensativo o outro pergunta logo: Are you happy?


A seguir o senhor tentou vender-nos, mais uma vez sem sucesso, bilhetes para o espectáculo da dança. Como recusámos quis despacharmos, mas ainda o convencemos a deixar-nos visitar o lago e conhecer o templo do Dente do Buda apenas por fora, porque ele nos disse que não valia a pena o dinheiro da visita.


Levou-nos de volta ao hotel de onde já não saímos porque entretanto começou a chover e acabamos por jantar no hotel a comida mais picante de sempre! Foi o início da chuva a sério, que só nos daria tréguas muitos dias depois.





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