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Sigiriya e Dambulla, com direito a ataques de vespas e vertigens!

O dia começou cedo, embora não tão cedo como tínhamos previsto, graças à preguiça matinal. O plano era subir a Sigiriya Rock o mais cedo possível para evitar o calor e as multidões, dentro do possível claro. Ainda assim, eram 8.15 quando chegámos à bilheteira.


A entrada para turistas é cara, cerca de 25€ por pessoa, mas é bastante compensadora. Pouco se sabe acerca da história deste local, embora existam várias teorias. Sabe-se que foi construído pelo rei Kassapa, cerca de 500 anos antes de Cristo. Há quem defenda que foi um palácio, uma base militar e até um importante centro religioso. Independentemente da história há uma coisa que é inegável: a grandiosidade do local.


Começámos por atravessar um canal, rodeados de árvores frondosas, com vista apenas para os jardins de água, com os seus pequenos muros. À medida que seguimos pelo caminho principal, vamos começando a ter uns vislumbres da rocha, até que, de repente, desaparecem as árvores e temos à nossa frente a vista que tantas vezes vimos em fotografias, mas que supera todas as nossas expectativas.


Seguimos, recusando muitos guias que oferecem os seus serviços, até que chegámos às primeiras escadas. São pequenas, de pedra; escorregadias pela areia acumulada. Pequenos patamares que aos poucos vão crescendo. A certa altura vimos uma fila de pessoas que esperava para subir uma escada em caracol. Daquelas só com o degrau, que dá para ver tudo para baixo. Engoli as vertigens e subi, tentando fixar o olhar onde não se visse a altura. Consegui, mas assim que cheguei ao topo tive uma desilusão - aquelas escadas não eram de acesso à rocha; apenas serviam para ver uns frescos numa gruta e tínhamos logo de voltar a descer. Confesso que nem reparei bem nas pinturas porque o meu medo maior é descer e já estava focada nisso. Mais uma vez, fixei o olhar nas costas do Pedro e fingi que não era nada.


De volta a um caminho firme, escavado na rocha, voltou a estar tudo bem. Passámos a zona do muro - espelho [Mirror Wall], um muro com 3 metros de altura, totalmente escrito. Foi aqui que percebemos que os locais que falavam com os turistas já não eram guias, mas sim "empurradores escada acima". A partir daqui oferecem os seus serviços para ajudar a levar as pessoas lá acima.


Mais uns lances de escadas e chegámos ao último patamar antes do topo, onde estão as patas do leão e as escadas pelo meio delas. Diz a lenda que antes existia uma cabeça por cima das patas e que, o acesso ao topo era feito pela boca do leão.


Neste patamar vimos um sinal amarelo com uma vespa desenhada e que dizia para manter silêncio naquela zona. Não ligámos muito, nem nos lembrámos mais daquilo. Descansámos um pouco, bebemos muita água porque, mesmo estando um pouco nublado, o calor fazia-se sentir e mentalizámo-nos para a última escadaria.


Apesar de serem novamente escadas de metal, só com um degrau e um corrimão baixinho, as minhas vertigens não se queixaram tanto porque, quando olhava para baixo via a rocha logo ali. Só não podia olhar para o lado. Quando chegámos ao topo, o sol já brilhava na sua maior força e via-se quase uma luta pelas poucas sombras que existiam. Desistimos das sombras, fomos só apreciar a paisagem enquanto restabelecíamos o fôlego.


Não tivemos muito tempo porque estávamos no ponto mais alto há uns minutos quando começámos a ver uns insectos enormes a voarem: as vespas! Primeiro apareceram meia dúzia, depois algumas dezenas e de repente eram às centenas a voar por cima de nós. Fizemos o que os guias disseram: agachámo-nos junto a um dos muros das ruínas, com a cabeça tapada pelos braços. Durante uns segundos, que pareceram minutos, só se ouvia o barulho das asas, toda a gente se calou. E tal como apareceram, desapareceram. Os guias levantaram-se e nós e os restantes turistas fizemos o mesmo, um pouco a medo. Mas não voltaram a aparecer vespas e o resto da visita foi tranquila.


As ruínas existentes, apesar de serem só muros baixos, não deixam dúvidas: fosse aquilo o que fosse, era algo enorme! Mas o melhor é a paisagem circundante. Verde a perder de vista! Uma das melhores que já tivemos oportunidade de apreciar, sem qualquer dúvida!


Percorremos as ruínas todas para absorver aquela vista ao máximo. Mas o calor aumentava e a falta de sombras começava a ser um problema. Por isso resolvemos iniciar a descida e seguir viagem.


A primeira descida foi feita novamente em modo auto-controlo de vertigens, mas depois de chegar às patas do leão é bastante mais tranquilo.


Chegámos ao parque de estacionamento, o acesso mais próximo da estrada principal, onde iríamos apanhar o autocarro para Dambulla, por volta das 11.00 e o céu cada vez estava mais escuro. Já quase a chegarmos à estrada principal começou a chover torrencialmente.


Perguntámos a uns polícias numa espécie de casinha onde era o autocarro e eles mandaram-nos esperar ali abrigados que eles avisavam quando viesse o autocarro. E assim foi. Já lá estavam também um casal de franceses sentados à espera do mesmo. Corremos para a estrada e tivemos a primeira experiência num autocarro público que já vos falei aqui.


Meia hora depois estávamos em Dambulla, uma típica cidade asiática, confusa e suja. O cobrador disse que nos iam deixar mais próximo do templo, e saímos depois de todos os outros passageiros, mas não sabemos se era uma paragem ou se realmente nos deixou mais à frente. Provavelmente queria uma gorjeta, mas não se safou.


Andámos ainda um bocado numa berma estreita, pedindo indicações pelo caminho. Almoçámos algures num restaurante local daqueles que só têm uma opção, geralmente uma perna de frango com muito arroz e legumes picantes, mas sempre saborosa e barata, e seguimos até encontrar o Golden Temple, ou como o baptizámos: a Budalândia. Isto porque além da grandeza [só em tamanho] do Buda, também está cheio de neons o que dá um ar de parque de diversões, em vez de centro religioso.


Assim que entrámos no recinto, veio logo um homem ralhar por eu estar de calções. Lá improvisei um sarong com um lenço e seguimos.


Achámos que o ambiente era demasiado falso e resolvemos seguir directos para os Cave Temples. Mas não estávamos minimamente preparados para o que aí vinha. Achámos que os Cave Temple eram logo ali, só um pouco acima do Golden Temple. Mas não. Tivemos de subir rampas e degraus durante quase 1 hora, sob um calor sufocante. Quando chegámos à bilheteira achámos novamente que seria logo ali. Mais um vez estávamos enganados. Um nova escadaria nos esperava, mas no final dessa lá chegámos.


Foi o primeiro local onde nos cobraram para guardar os sapatos. Havia inclusivamente uma placa a dizer que era proibido guardar os sapatos na mochila. Na entrada, os homens embirraram que o Pedro tinha os joelhos à mostra e deram-lhe um lenço roxo com flores, que inicialmente pensámos ter sido vingança por não querermos guia, mas depois vimos não ser assim tão mau quando comparado com outros lenços ainda piores que outros homens usavam. Só à saída é que soubemos que o lenço era pago e ao dobro do preço do sítio onde guardavam os sapatos.


Os Cave Temples tratam-se de 5 grutas com estátuas e pinturas relativas a Buda. As imagens mais antigas têm mais de 2000 anos, mas a colecção foi crescendo ao longo dos reinados seguintes, sendo considerado um local de culto desde o primeiro século depois de Cristo. Seguramente, uma visita guiada será a melhor forma de compreender a história deste local, mas apenas o visitámos com a ajuda do guia. É, de qualquer forma, um local interessante e com uma vista fantástica. Ou não tivéssemos de subir tanto para lá chegar.


Quando íamos para sair caiu uma chuvada de todo o tamanho e tivemos de ficar abrigados até parar. Estávamos a pensar apanhar um tuk-tuk na estrada mais próxima da entrada até à estação de autocarros de Dambulla, mas como ainda era cedo procurámos algo a visitar próximo dali. O guia falava num passeio entre Dambulla e Sigiriya, passando pelo Kandalama Tank, como um caminho giro para se fazer. Decidimos negociar um tuk-tuk e fazê-lo. As paisagens são bonitas e sempre chegámos um pouco mais tarde à nossa guesthouse.


O rapaz da guesthouse insistiu novamente para irmos assistir ao pôr-do-sol com ele num local ali próximo que tinha vista para Pidurangala e Sigiriya Rock. Acedemos e combinámos às 5.30 ir com ele. Mas o tempo não esteve do nosso lado e, ainda não eram 5, já chovia torrencialmente. Choveu até de noite por isso já não saímos dali. Jantámos mais um delicioso Kottu e planeámos o dia e noite seguinte, em Pollonaruwa, onde teríamos uma das melhores experiências do Sri Lanka.


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