top of page

A semana em que entrei os 30

Esta semana foi longa por um lado, passou a correr por outro. Foi a semana em que os dois fizemos anos, o P. na 4ª, eu na 5ª.


Começou com uma segunda em que não vi o P., mesmo tendo estado acordada até depois da meia noite, porque ele teve um jantar de trabalho. Na 3ª, como prometido, fiquei acordada até à meia-noite para lhe revelar o destino da prenda dele (que já agora, como muitos apostaram, é Açores, um fim de semana em S. Miguel). Senti-me velha e cansada. Pela primeira vez na vida tive imensa dificuldade em aguentar até à meia noite. Ele adormeceu no sofá ainda não eram 23 e eu, mesmo a ver um programa bastante interessante, por volta das 23.40 tive de me levantar para não adormecer. Lá me arrastei até à meia noite e acordei-o para lhe dar a prenda. Ainda tentei uma adivinha para ele descobrir onde estava mas o estado de sonolência era tão grande que tive de revelar quase tudo. Ficou muito contente, era um dos destinos que fala há imenso tempo, mas também já tinha desconfiado que seria para lá.


Passámos ambos o dia a trabalhar e só nos encontrámos para jantar juntamente com os pais dele e um amigo. Já chegámos a casa passava das 23 e lá ficámos no sofá a aguentar o sono e cansaço até à meia noite para receber a minha prenda. Um relógio dourado a condizer com aliança, porque o meu P. percebeu logo a minha dica (ah ah!).


O meu dia de anos começou bem, a ver séries no sofá com o sol a bater na cara e acabou muito bem também no sofá, sem sol mas no mimo do P.. O meio do dia foi um pouco estranho. Pela primeira vez tomei consciência que os meus pais estão a envelhecer e a perder capacidades a uma velocidade alucinante. O meu pai, que sempre foi um excelente condutor, fez metade do caminho, em autoestrada, em 3ª. Vi noutro dia um artigo, que confesso que não li, chamado "os filhos não estão preparados para o envelhecimento dos pais". Tive vontade de o ler depois deste almoço. Não sei lidar com isto e assusta-me profundamente. Sei que agradeci a mim própria não ter tirado o dia de férias para o passar com eles. A certa altura apeteceu-me chorar e fugir dali feita criancinha, mas consegui controlar-me e focar-me na parte boa de estar a almoçar com os meus pais. Felizmente o jantar foi só com o P. e foi óptimo.


Talvez o meu estado de espírito também não fosse o melhor. Gosto de fazer anos, mas fazer 30 anos assustou-me. Casar e fazer 30 anos no mesmo ano é uma conjugação demasiado flagrante para continuar a achar que ainda sou uma miúda. Cada uma destas coisas, só por si, já são indicação que a idade adulta chegou. A combinação das duas é impossível de ignorar. Isso e os meus mais de 20 cabelos brancos (não são mais porque até há pouco tempo arrancava-os). E eu sinto uma certa recusa a achar-me adulta. O P. ri-se e diz-me: claro que és adulta. Mas eu não me sinto adulta. Sinto-me uma miúda que consegue assumir responsabilidades, mas uma miúda. Provavelmente estou a exagerar e fazer 30 anos é igual a fazer 29. Mas como me sinto uma miúda vou fazer birra só mais um bocadinho e manter a negação mais uns tempinhos, só até me habituar à ideia.


E assim chegou a 6ª e acabou a semana curta e longa ao mesmo tempo!


bottom of page