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Sta. Leocádia, Serra da Freita e os Passadiços do Paiva

Num dia de tanto orgulho no nosso país com a vitória do grande Salvador ontem na Eurovisão, é com muito gosto que escrevo mais um post sobre uma viagem em território Português. Sim, porque apesar de estar sempre a sonhar com viagens para fora, reconheço que o nosso país está repleto de cantinhos e paisagens maravilhosas a merecer ser visitadas.


Aproveitámos o fim de semana prolongado da Páscoa, no qual tínhamos um evento familiar na 6a, para passear um pouco. Para sábado já tínhamos programa para a manhã, conhecer a aldeia da minha sogra, onde o meu P. passava os Verões da sua infância. Como não ficava muito longe pensámos, para domingo, visitar finalmente os Passadiços do Paiva. Já que o tempo estava favorável decidimos reiniciar os nossos acampamentos e, olhando para o mapa, decidimos acampar no parque de campismo da Serra da Freita. Estava assim programado o fim de semana e lá fomos.


No sábado, saímos cedinho em direcção a Santa Leocádia, próximo de Baião. Foi uma visita muito emocional. Caminhar pelos caminhos que os pés pequeninos do P. percorreram soube muito bem. Descobrir uma casa engolida pela vegetação custou-me um pouco. Não consigo imaginar o quanto tenha custado ao P, mas a reacção dele foi maravilhosa. Não se deixou afectar. Entrou pelo quintal como se nada fosse, foi pisando a vegetação, passo a passo, mostrando-me o caminho. Mostrando-me os seus caminhos. A cada passo, a erva que era pisada libertava mais uma recordação de infância. E assim fomos caminhado os dois, devagarinho, de mãos dadas, pelas suas recordações, pela vista maravilhosa daquela casa cheia de memórias felizes. E foi assim que descobri finalmente o caminho que ele tantas vezes fez para ir à água, onde estavam as galas de que ele tanto medo tinha. Saí de lá com o coração cheio de amor por este homem e por aquele menino que, ali, foi tão feliz.


Depois de almoço seguimos junto ao Douro em direcção à serra da Freita. Sem pressas, fomos parando pelo caminho sempre que nos parecia que a paisagem merecia um olhar mais atento. Foi assim que descobrimos o lindíssimo rio Bestança com as suas águas límpidas e frescas.


Chegamos ao parque de campismo do Merujal encantados pela paisagem. O parque é protegido por uma parede natural de pedras que lhe dá um encanto especial. Após montarmos a tenda, estudámos os percursos que saíam do parque. Uma vez que já só tínhamos 2 horas de luz decidimos fazer apenas metade do percurso chamado "Caminhada Exótica", o PR16 que no total tem 9km. Mesmo sendo um percurso bem marcado no terreno, resolvemos achar que a seta estava mal marcada e seguir em frente. Quase tentámos escalar uma montanha mas acabámos por decidir voltar para trás e fazer o caminho que já tínhamos feito antes, uma vez que o sol já tinha posto. Jantar, só descendo uma boa parte da serra. Lição número 1: seguir as setas; lição número 2: levar comida para parques longe de tudo e que podem ser religiosos e fechar o café em dias considerados santos.


A noite, que se esperava muito fria, e, ainda traumatizados pelo campismo anterior, afinal foi bastante boa. Acabamos por ter calor com toda a roupa que tínhamos vestido e dormimos bastante bem.


Domingo lá seguimos em direcção a Arouca para os famosos passadiços. Pelo caminho ficou uma grande vontade de regressar à serra da Freita e fazer uns quantos percursos.


Começámos a caminhada já um pouco tarde, cerca das 11.30 de um dia bastante solarengo e quente. Deixámos o carro no Areinho, o lado aconselhado a quem só faz o percurso num sentido, o nosso caso.


A primeira subida é bastante dura, não há sombras e são lances de escadas, muitos lances que, para quem sobe com pouca preparação física como é o meu caso, se tornam intermináveis. Mas a partir do controlo do bilhete torna-se um percurso bastante calmo (neste sentido), com muitos lances de escadas a descer, rodeados de uma paisagem de cortar a respiração. A água da cascata gigante da qual nos vamos aproximando durante a descida refresca o ambiente. Depois de terminada a descida o percurso tem poucas variações, um pequena subida ou descida, mas nada acentuado. Começam também a haver muitas sombras pelo percurso, o que facilita a caminhada.


Pelo caminho há a famosa ponte de arame de atravessa o rio que, apesar de não fazer parte do percurso, se torna um atractivo. Para todos os que não têm medo de alturas. O que não é o meu caso. Eu tentei, juro que tentei. Dei uns passos mas depois vinha um grupo no outro sentido que abanou muito a ponte e, quando me pediram licença para passar por mim e me vi a aproximar da corda desisti e voltei para trás. Mas o P. tem fotos bem giras lá de cima.


Seguimos o percurso e parámos junto a uma praia fluvial para almoçar. Depois de descansarmos um pouco, seguimos porque ainda tínhamos de regressar a Lisboa e estávamos mais ou menos a meio do percurso.


Chegados a Espiunca lá fomos nós apanhar o famoso táxi, única forma de voltar para o Areinho. O P. esqueceu-se que eu tinha falado em tentarmos dividir o táxi com mais alguém e, quando dei por ele, já estava a entrar para o carro. Que ainda por cima dava para 6 pessoas e estava um grupo de 4 a dirigir-se ao táxi de trás. Pagámos a módica quantia de 17€ por um percurso de 12 km. Isto deixou-me com um sabor um pouco agridoce em relação aos passadiços do Paiva. As paisagens são realmente incríveis e 1€ por entrada parece-me demasiado baixo para um sítio com esta categoria. Mas depois a falta de condições, como água e comida durante o percurso, e transportes mostram que ainda há muito para melhorar.


Conselhos para quem for aos passadiços: levem muita água; se forem em grupo deixem um carro de cada lado; se forem a dois tentem dividir o táxi com mais pessoas e olhem para o táxi porque os de 6 são mais caros (o normal é ser no máximo 15€). Outra hipótese é deixar o carro em Espiunca e quando começam as escadas voltar para trás porque, na minha opinião, a vista lá de cima não compensa a dificuldade do percurso. Ou se têm boa preparação física e tempo, façam nos dois sentidos porque não é assim tão complicado.


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