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Can Tho e os seus mercados flutuantes

Uma das coisas que queríamos fazer a partir de Ho Chi Minh era visitar os mercados flutuantes do rio Mekong, na região do Mekong Delta. Rapidamente decidimos que uma excursão estava fora de questão. A experiência da excursão em Halong Bay tinha sido suficiente e, além disso, comecei a ler que as excursões vindas de HCM saiam de lá às 8 e quando chegavam praticamente já não havia mercado. Então começamos a pesquisa de como fazer de forma independente. Ir de mota desta vez não era uma hipótese, eram mais de 100 km em cada sentido. Foi então que descobri que uma das cidades que tem mercado, Can Tho, tem aeroporto e havia um voo diário de Phu Quoc. E assim fizemos. Quando vimos o avião confesso que tive medo. Na verdade, era uma avioneta daquelas que se ouve imenso os motores e em que todas as descidas/subidas fazem impressão no estômago. Mas chegámos sem problemas.


Can Tho é uma cidade pequenina, com um calor infernal e muito pouco para ver além do mercado nocturno e dos mercados flutuantes. Demos uma volta junto do rio onde parámos à sombra. Nunca me tinha sentido uma estrela, mas nessa tarde senti. Os miúdos da escola passavam de propósito à nossa frente para nos verem de perto. Uns diziam um tímido hello e depois soltavam um risinho nervoso; outros olhavam e só sorriam. Depois passaram adultos, mais desconfiados. Tentavam disfarçar um pouco mas até passavam nos dois sentidos para nos verem melhor. Foi aqui que percebemos que há poucos ocidentais a chegarem ali pelos seus meios, pelo que somos, na verdade, uns bichos raros. Mesmo assim tivemos mais sorte que um casal que foi apanhado no meio da praça e teve de tirar fotos individuais com uma turma inteira.


O nosso objectivo de estar ali era visitar os mercados. Comprámos a excursão no hotel. Teríamos um barco pequeno só para nós, com uma condutora e um guia durante 7 horas (que na realidade foram 5 horas e 30). Iríamos conhecer os mercados, os pequenos canais onde só os barcos pequenos chegam, uma fábrica de noodles de arroz. Pelo meio teríamos um pequeno almoço vietnamita. Não foi muito barata mas valeu muito a pena.


Às cinco em ponto, ainda bem de noite, descemos e já tínhamos o guia à nossa espera. O Toby foi a pessoa mais enérgica e entusiástica que já vi às 5 da manhã. Foi também o Vietnamita com melhor inglês que conhecemos. Começámos a visita com um café vietnamita comprado a um barco e seguimos para o primeiro mercado flutuante. Neste estão os grandes barcos vindos das fazendas, que são carregados com os seus produtos e ficam no rio até venderem toda a carga aos revendedores. Estes seguem depois para mercados mais pequenos onde vendem aquilo que compraram aos produtores. Cada barco grande tem uma vara na proa para mostrar os frutos e/ou legumes que vendem.


Junto do segundo mercado, saímos do barco para o pequeno almoço típico. Uma sopa de noddles bastante picante. Seguimos para uma visita muito rápida à fábrica de noodles, altamente turística, mas, mesmo assim, interessante. E depois embrenhámo-nos pelos pequenos canais, rodeados de vegetação. Vimos pequenas aldeias de pessoas sorridentes que dependem do rio como do ar para respirar. Provámos muitas frutas, provámos uma espécie de gelatina com pudim que, num momento de distracção do guia, foi parar ao rio. Lavámos as mãos no rio. Sujo. Muito sujo. Parámos umas 4 vezes para tirar plásticos enrolados da hélice do motor. Vimos como a consciência ambiental deste povo é nula, atiram tudo ao rio. Atiram muitos plásticos ao rio. E, no entanto, precisam deste rio como do ar que respiram. Que triste contradição.


Os mercados flutuantes são muito mais pequenos do que esperava. Mas adorei ter conhecido esta cidade, este rio, este povo do sul, muito mais aberto que o do norte. Foi aqui que conhecemos o Vietname no seu estado mais puro, com tudo o que isso tem de bom e de mau. Mas nenhum país ou povo tem só virtudes e conhecer é mesmo assim!


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