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Inspira, expira...

  • viajadosdefresco
  • 8 de fev. de 2017
  • 3 min de leitura

Sempre pensei que ao chegarmos a adultos já saberíamos ouvir o nosso corpo, identificar os seus sinais, interpretar sem problemas aquilo que ele nos quer transmitir. Mas nos últimos dias descobri que não. Pelo menos eu não!


Isto de estar muito bem na minha vidinha e de repente o coração acelerar ao ponto de quase ficar sem ar é novo para mim. E não, não é uma arritmia nem nada físico. Disso, pelo menos, tenho a certeza. É uma sensação de ansiedade opressiva que não me deixa respirar. É o meu corpo a dizer-me que não quer algo do que eu estou a fazer com ele. Como se todas as minhas preocupações se unissem para fazer uma manifestação no meu tecido cardíaco. E com tantos tecidos que há no corpo logo tinha de ser no cardíaco, não podiam antes ir para o intestino e colaborar na eliminação de umas quantas porcarias ingeridas nos entretantos!


A primeira aconteceu há 2 dias enquanto via o telejornal (nota mental: deixar de ver notícias, especialmente as vindas daquele país liderado pelo anormal mor). Entrei numa espiral de negativismo em que o mundo já estava todo em guerra e o meu P. lá iria parar e, mesmo que sobrevivesse ia voltar afectado pelas experiências e nunca mais seria o mesmo e ...... Parei! Respirei fundo várias vezes. Não passou, mas melhorou. Passou depois de um abraço muito forte dele.


A segunda foi ontem ao sair de casa. À espera do elevador! Sim, só isso. Enquanto esperava pelo elevador fui inundada novamente pelo mundo inteiro no meu peito. Respirei fundo.. nada! Respirei fundo novamente... nada novamente! Fiz a respiração que uso para adormecer (para quem não sabe, 4 segundos de inspiração, 8 em apneia e 7 de expiração, muito eficaz apesar da fonte ser um daqueles artigos maravilhosos do facebook). Resultou. Para a próxima vou mas é de escadas que faz melhor à saúde.


Mas hoje voltou, em todo o seu esplendor... enquanto tratava um doente. Então lá estava eu a fazer um alongamento qualquer ao senhor enquanto tentava respirar fundo mas sem dar muito nas vistas.


Seria tudo muito lógico se tivesse num período de stress ou com problemas no trabalho ou na vida pessoal. Mas não! Não há um motivo aparente para nada disto. Neste momento seria extremamente útil ter um manual de instruções do meu corpo, com aquelas tabelas dos erros tipo: E3 - sobreaquecimento do motor (muito típico na yammi). Mas não tendo manual e tendo descoberto que o meu corpo afinal fala uma lingua que não compreendo resta-me pensar sobre aquilo que está errado na minha vida e que possa levar a esta reação tão visceral do meu corpo.


Assim analisando rapidamente consigo perceber o que está mal: trabalho. São dois e de momento nenhum me satisfaz. Os dois em conjunto estão a tornar-se demasiado. Se há quem aguente trabalhar horas e horas e ainda chegar a casa e estudar, parabéns! Tenho inveja, mas para mim não dá. Pelo menos não dá com estes dois. Um deles é extremamente cansativo fisicamente e, cada vez mais, psicologicamente. Estou cansada de remar contra a maré. Adoro os meus miúdos mas acho que atingi o meu limite. Não estou a dar-lhes o meu melhor. Na verdade, cada vez mais acho que lhes estou a dar o meu pior. E eles não merecem isso, merecem o melhor do mundo porque o mundo já lhes deu muito do pior que tem. E aqui a decisão está tomada, Junho será o fim. Só tenho de ter a coragem de me manter fiel a esta decisão no início do próximo ano letivo, quando já descansei e me esqueci deste cansaço que, a cada ano letivo, aparece mais cedo. Dizem que as crises da vida são cíclicas e surgem a cada 7 anos, será o meu fim de ciclo, após 7 anos. Quanto ao outro trabalho, uma eventual saída não será de todo para já. Por muito que os meus órgãos se queixem, sem comida queixariam-se bem mais. Mas resta-me ignorar e fugir ao máximo de tudo o que me irrita. Resta-me concentrar-me no bocadinho do dia em que faço aquilo que realmente gosto. Concentrar-me nas pessoas que trato que me valorizam e gostam de mim. Porque é por essas que vale a pena o esforço de ignorar o resto. E quem sabe se não começará um novo ciclo aos 7 anos... já só faltam uns meses!


Por enquanto aguenta coração que daqui a uma semana estarás a fazer aquilo que mais gostas, com quem mais gostas. E acabo este post com um suspiro de quem libertou uma boa parte destas ansiedades!


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