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Singapura, a cidade "banho-turco"

Singapura nunca me atraiu muito. Nem sei explicar muito bem porquê. Na verdade nada sabia de Singapura, apenas que se tinha separado da Malásia há relativamente poucos anos e que era conhecida pelos seus arranha-céus e pelo hotel que tem a piscina sem fim no topo.


Calhou a escala ser em Singapura e por uma questão de horas de voos resolvemos passar lá o dia da volta. Fomos no primeiro voo da manhã e teríamos a volta por volta das 21 horas. O aeroporto é muito bem organizado e facilmente percebemos como ir até à cidade, mas esquecemo-nos de procurar um mapa. Não nos preocupámos com isso porque, com certeza, seria muito fácil encontrar um posto turístico numa cidade tão organizada. Não foi. Tínhamos apenas o mapa offline no telemóvel e como não tínhamos lido nada sobre a cidade nem sabíamos muito bem o que visitar. Resolvemos sair na estação junto ao jardim botânico e começar a visita por aí. Até aí tudo bem, o metro era um verdadeiro frigorífico e a rua uma espécie de banho turco com o termóstato avariado na máximo. Não sei se já disse que não gosto assim muito de calor, apesar de me ter adaptado relativamente bem à Indonésia. Mas o calor ali era mais forte e mais húmido. Entranhava-se por todos os poros e colava-se a nós. Os jardins eram realmente bonitos e grandes, enormes! E enorme, quando tem de se caminhar com um calor insuportável e com poucas sombras, torna-se um pesadelo. Apesar disso havia pessoas a correr. A correr sim.. eu que não consigo correr de manhã a partir de Abril porque o sol já é muito quente! Ia caindo para o lado só de ver! Depois começou o ataque dos insetos para completar o cenário. Mas admito que mesmo assim os jardins valem a pena! E melhorou quando chegámos a uma zona com mais árvores e pequenas cascatas!


Em Singapura a mistura cultural é bastante grande, os habitantes são na sua maioria Malaios, Indianos e Chineses. Não se consegue perceber quem são os estrangeiros no meio de toda aquela mistura. Sabíamos que duas das zonas mais conhecidas da cidade são a Little India e a Chinatown e foi para onde seguimos para almoçar. Tentámos perceber que autocarro devíamos apanhar, mas sem sucesso. Na paragem não havia informação, a única senhora que estava lá também não sabia e quando perguntámos ao motorista de um autocarro que parou, encolheu os ombros e disse para perguntarmos ao motorista seguinte, que por sua vez também disse simplesmente que não era aquele. Acabámos por ir num qualquer até uma paragem que tinha informação e lá chegámos à Little India. Almoçámos num mercado de rua onde praticamente só haviam chineses (na little India sim!) e comemos uma massa feita com ingredientes provenientes de um recipiente que nunca viu uma esponja da loiça e digamos que a carne sabia a estar fora do frigorifico há mais de um dia. Temi bastante pela viagem de 11 horas de avião que se seguia mas felizmente correu tudo bem. Demos a volta à Little India, que basicamente é um conjunto de prédios baixinhos, com aspeto de edifícios coloniais, misturados com templos hindus e mesquitas e cercados por prédios modernos e enormes. O mais engraçado acaba por ser ver as lojas com todo o tipo de frutas e legumes que nós não conhecemos.


Seguimos de metro para a Chinatown e depois de várias voltas a tentar perceber onde era exatamente, de termos passado duas vezes por uma rua de restaurantes todos fechados e de quase desistirmos, a caminho do metro, lá encontrámos as ruas da Chinatown. São várias ruas em que as lojas, totalmente abertas, ocupam a estrada de ambos os lados e deixam um pequeno corredor por onde passam as pessoas. Estas lojas vendem todo o tipo possível de quinquilharia, desde artigos de decoração a recordações de turismo. Foi através dos imanes que percebemos que tudo é proibido em Singapura: desde atirar coisas para o chão a mascar pastilha em público. Já tínhamos visto no metro que era proibido comer, beber, entre outras que já não me lembro. Uma coisa é certa, não se via nem sequer uma beata no chão, tudo no lixo!


Terminámos a nossa visita nos Gardens By the Bay onde, às 18 horas, conseguimos finalmente um mapa com os pontos turísticos. Tínhamos de voltar às 19.00! Os jardins são mais uma vez enormes e espetaculares. Têm imensas atividades para crianças e confesso que aquilo que mais gostei em Singapura foi um espaço nestes jardins, feito para crianças, que eram simplesmente tubos de onde saía água e que rodavam criando uma espécie de repuxos. Só não fui lá para o meio mesmo por vergonha, porque no meio daquele calor todo, só queria molhar-me. Acabámos por já não conseguir ver a estátua de Merlion, o famoso leão com corpo de peixe, nem o museu de arte e ciência porque já não houve tempo para mais.


Acredito que a cidade tenha outro encanto à noite, tanto pelas luzes como pela diminuição da temperatura, sendo mais suportável andar pela rua. Para mim, valeu a pena como forma de aproveitar um dia de escala que de outra forma não aproveitaria, mas não acho que valha a pena só por si. Adoro cidades, mas cidades com história e não vi isso em Singapura. Provavelmente por desconhecimento e falta de pesquisa da minha parte. Mas não fiquei com vontade de regressar e isso raramente me acontece.


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