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O P. começou hoje a trabalhar

Ele voltou da viagem obcecado em arranjar um trabalho até ao final deste mês e conseguiu. Dia 30, último dia do mês e começou a trabalhar. Ainda é à experiência. Tanto ele como o patrão querem ver se é o que pretendem mas as condições aparentes não são assim tão más.


Pois é, ele voltou ao trabalho e eu não estou muito entusiasmada. Obviamente que estou feliz por ele, sei o quanto estava chateado de estar em casa com pouco trabalho. Sei que precisa de se sentir útil e que vai ser óptimo. Mas não consigo sentir o entusiasmo que senti das outras vezes que ele arranjou trabalho. E isto estava a mexer comigo. Não me sentir entusiasmada por uma coisa boa parece-me altamente errado. Pus-me a pensar logicamente sobre o assunto e cheguei a três conclusões, uma delas altamente egoísta, mas aqui é o meu espaço de ser sincera e não quero saber de eventuais críticas.


A primeira das razões, a não egoísta, cheguei a ela ao mesmo tempo que ele. De cada vez que ele começou um trabalho, estávamos os dois entusiasmadíssimos. Criámos planos de acordo com o trabalho. Esperávamos que fosse dessa. Mas foram tantas expectativas que caíram por terra, tanto entusiasmo que não passou de desilusões que (in)conscientemente, desta vez, nenhum de nós quis criar expectativas. Falámos pouco sobre o assunto e hoje ele lá foi. Ainda não lhe fiz perguntas. Falaremos logo à noite sem pressas. Não quero pensar no futuro. A única conta que fiz foi que se ele começar a trabalhar agora fará os 6 meses no fim do ano. Férias?!? Mas nem isso quero pensar. Não quero planear nada para não ser mais uma desilusão.


A segunda razão é a tal egoísta. Tenho andando com cada vez mais vontade de deixar o meu local de trabalho e abrir um espaço meu. Esta ideia já surgiu há uns meses e tenho andado a desenvolvê-la na minha cabeça. Tenho os meus prazos ainda pouco definidos e sempre que falo sobre ela acrescento: mas só o poderei fazer quando o P. arranjar trabalho porque não podemos estar os dois instáveis. É tão fácil chutar a bola para o lado dele. Mas se ele arranjar trabalho deixarei de ter esta fantástica desculpa para enfrentar os meus medos e inseguranças. É difícil pensar em deixar a certeza pela incerteza. Há também coisas boas no meu local de trabalho. Mas ele não me faz feliz. Por isso a decisão será minha. E acabando esta desculpa a decisão ficará somente nas minhas mãos. Essa decisão assusta-me brutalmente. É uma decisão sem retorno. Ou saio ou fico. Mas por enquanto ainda posso prolongar as desculpas por mais um bocadinho. Por muito bem que as coisas corram ao P. não será totalmente estável durante algum tempo. Por isso, se não te importares P., vou continuar a usar esta desculpa por mais uns tempos até conseguir reunir coragem para definir um prazo para a minha decisão ;)


A última razão é a ideia que continua a fervilhar em mim de largar isto tudo e ir conhecer o mundo. Sei que se as coisas lhe correrem bem no trabalho (e obviamente espero que corram) esta ideia vai ficar arrumada na gaveta por muito mais tempo. Mas continuo a ter esperança que um dia ela sairá de lá e teremos a nossa oportunidade. Pode não ser para já mas tenho a certeza que algures no tempo viveremos esta aventura!








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